Serpentine Pavilion 2023

Um convite ao diálogo

Desde que eu entendi o conceito do Serpentine Pavilion, ainda na universidade, fiquei apaixonado por ele. O pavilhão convida anualmente um arquiteto que não tenha construído no Reino Unido para mostrar seu talento e conquistar exposição.

Os arquitetos são convidados a construir um pavilhão temporário no Hyde Park, em Londres, na Inglaterra, que ficará exposto por menos de seis meses. Devido à natureza efêmera do projeto, os arquitetos têm a liberdade de explorar a criatividade e a experimentação.

Este ano não foi diferente. A arquiteta Lina Ghotmeh criou 'A Table', um pavilhão inteiramente feito de madeira, que se assemelha a uma série de troncos de árvores, convidando as pessoas a entrar no coração do que pode ser considerado uma floresta.

Construir com madeira, como a arquiteta mesma afirma, "significa construir estruturas leves, mais fáceis de montar e reduzir a pegada de carbono associada à construção. Ao utilizar esse método, chamamos a atenção para a importância da natureza e reconhecemos que somos parte dela. A natureza não está separada dos humanos; somos parte dela e, de certa forma, todos somos micróbios."

Além do método de construção, o projeto também chama atenção pelo seu elemento central, uma "grande mesa", como o próprio nome sugere.

Ao ter essa peça de mobiliário como premissa, a arquiteta busca "voltar às origens, a algo muito rudimentar e primitivo: trazer todos para a mesma mesa, a mesa onde comemos, onde compartilhamos. É onde, às vezes, decidimos assuntos importantes relacionados à nossa sociedade."

Em uma sociedade polarizada, na qual o diálogo com o outro tem sido negligenciado em prol da imposição de visões de mundo, o convite para conversar em uma mesa circular, na qual ninguém é colocado em posição de poder, é exatamente a mensagem que precisamos neste momento - a importância do diálogo.